domingo, 28 de outubro de 2012

A CIVILIZAÇÃO GREGA

A Civilização Grega
 A Grécia Antiga situava-se na Península Balcânica, ao sul do Continente europeu, entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo. A região dos Bálcãs denominava-se Hélade e os gregos eram chamados de helenos. Ao longo do tempo, os gregos conquistaram a costa da Ásia Menor e inúmeras ilhas da bacia mediterrânica, formando um poderoso império.
 A Grécia, de terras pouco férteis, possui muitas montanhas, o que ocasiona o isoladamente das diversas regiões, devido à dificuldade de comunicação. A costa, por seu turno, é bastante recortada, com muitas ilhas e bons portos naturais, o que facilita a navegação. 
Assim, a Península Balcânica apresenta características geográficas que, na Antiguidade, influenciaram fortemente a sua vida econômica, favorecendo o expansionismo comercial e marítimo em detrimento da agricultura.
 1- Formação e Evolução Política 
Os primeiros habitantes da Península Balcânica, chamados de pelasgos, fixaram-se na região durante o período neolítico. A partir do ano 2000 a.C., a península foi invadida por vários povos de origem indo-europeu- os arianos, habitantes das regiões situadas entre a Índia e a Europa.
 Os aqueus foram os primeiros a invadir a região, por volta de 1.400 do a.C., sendo seguidos pelos os eólios, jônios e dórios. O povo grego é, assim, resultado da miscigenação entre pelasgos e indo-europeus. 
• A civilização cretense 
Perto do segundo milênio antes de Cristo, a Península Balcânica era dominada pelos cretenses, os quais imprimiram profundas marcas na vida cultural da Grécia Antiga. 
A civilização cretense desenvolveu-se a partir de 2000 a.C., na ilha de Creta, situada no mar Egeu, podendo, por isso, ser também chamada de civilidade egeia.
 Por volta de 1400 a.C., Creta foi invadida pelos habitantes do norte da Península Balcânica, os aqueus, que destruíram Cnossos e estabeleceram sobre a região dos Bálcãs o domínio da mais importante cidade Micenas.
 • O período Homérico
 Este período é assim chamado porque a maioria das informações sobre ele provém de duas obras atribuídas ao poeta Homero: a Ilíada (narrativa da Guerra de Tróia) e a Odisséia (narrativa das aventuras de Ulisses, ou Odisseu, o rei de Ítaca). 
O período Homérico tem início a partir da invasão dos dórios, que ocasionou a fuga de muitos gregos para o interior da Península Balcânica e também para a Ásia Menor. Essa dispersão denomina-se Primeira Diáspora Grega. Os que se dirigiam para o interior organizaram-se em grupos familiares chamados genos. Nos genos o interesse coletivo predominava sobre o individual. Mas isto não durou muito, as disputas por terras acabou gerando o descontentamento da população dos genos, o que causou a Segunda Diáspora Grega.
 • O surgimento das pólis 
No processo de desestruturação das comunidades gentílicas, os que permaneceram foram subjugados pelos eupátridas (“os bem-nascidos”, elite proprietária de terras). Estes, visando garantir o controle sobre os meios de produção e sobre a população local, organizaram-se em fratrias, cuja reunião deu origem às tribos. Da congregação de várias tribos surgiu o demos, que, em grego, significa “povo”. 
As pólis, em sua maioria preservaram seu caráter aristocrático. Algumas delas, porém, devido à ocorrência de intensas lutas sociais, tiveram de alterar o sistema de participação da população nas decisões relacionadas com a administração. Isto originou a democracia, que permitiu a atuação de um número maior de categorias sociais, dando início a um novo período, chamado de período Clássico. 
Esparta e Atenas foram às cidades-estados que mais se destacaram nesse período: a primeira, aristocrática e conservadora; e a segunda, democrática e progressista.

 • As cidades-estados e as formas de governo 
No Egito e na Mesopotâmia, nas grandes regiões banhadas pelo Nilo e pelo Eufrates, era fácil sujeitar uma população a um governante único. Na Grécia, porém, onde cada cidade era separada das outras pelas montanhas ou pelo mar, era quase impossível manter um controle centralizado. 
Assim, os gregos foram os primeiros a experimentar as seguintes formas de governo:
  Monarquia: forma de governo em que o rei governa sozinho ou com um conselho de nobres. O rei era o sumo sacerdote, comandava o exército e distribuía a justiça. 
Aristocracia: sistema em que os nobres assumiam o poder dos reis. Quando morriam, os filhos os substituíam no poder. 
Oligarquia: governo de poucos, geralmente dos eram donos das terras. Os atenienses chamavam esse “governo dos gordos”.
  Tirania: governo de um homem que assumia o poder pela força. Frequentemente era apoiado pelo povo contra os aristocratas. 
Democracia: sistema no qual todos os cidadãos homens tomavam parte na elaboração das leis. Mulheres, crianças e escravos não eram considerados cidadãos. 

A História da Grécia Antiga estende-se por 1400 anos e costuma-se dividi-la em quatro períodos: Período Homérico, Período Arcaico, Período Clássico e Período Helenístico. 
  Período Homérico (1700 a.C. – 800 a.C.). O período mais antigo da História grega recebe esse nome porque os poucos conhecimentos que temos sobre ele foram transmitidos por dois poemas, a Ilíada e a Odisseia, atribuídos ao poeta grego Homero.
  Período Arcaico (800 a.C. – 500 a.C.). Esse período caracterizou-se pelo desenvolvimento das cidades-estados, pela emigração e pela fundação de colônias gregas em regiões longínquas. 
O território havia se tornado pequeno para atender o crescimento da população. Por isso, numerosos agricultores foram em busca de possibilidades de subsistência fora da Grécia, formando assim novas colônias gregas em diversas regiões do Mediterrâneo e do Mar Negro. 
Período Clássico (500 a.C – 338 a.C.). No século V a.C., sob o governo de Péricles, Atenas tornou-se a cidade mais importante da Grécia, e a civilização grega atingiu seu maior esplendor. Esse século considerado pelos historiadores a Idade de Ouro da civilização grega, ficou conhecido também como Séculos de Péricles. 
Nessa época as cidades gregas se uniram para enfrentar um perigo externo: o avanço dos persas, nas chamadas Guerras Médicas.
 Péricles sonhava em fazer de Atenas a mais bela capital do mundo. Foi nessa época, em Atenas, que se consolidou a ideia de que todos os homens adultos nascidos livres podiam opinar sobre a administração do Estado. Estava nascendo a Democracia. 
Período Helenístico (338 a.C. – 30 a.C.) Depois da Guerra do Peloponeso, a Grécia continua agitada por lutas entre as cidades-estados. Felipe, rei da Macedônia, aproveitou-se dessa situação e, em 338 a.C., dominou toda a Grécia. A Macedônia era um pais sem saída para o mar, situado ao norte da Grécia. 
O sucessor de Felipe foi seu filho Alexandre, o grande. Este, depois de sufocar uma tentativa de revolta em Tebas, conduziu seu poderoso exército de 40.000 homens para uma guerra contra Dario III, rei da Pérsia. Esmagou os persas na Ásia Menor (334 a.C.) e, em seguida, foi acolhido no Egito como libertador, pois, nessa época, o Egito estava sob domínio dos persas. Lá fundou Alexandria e tornou-se faraó. Encaminhou-se para a Mesopotâmia, apoderou-se da Babilônia, de Susa e de Persépolis. Levou a guerra também até a Índia, tendo submetido os príncipes indianos. 
Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., seu gigantesco império foi dividido entre seus generais. Essa divisão acabou gerando constantes lutas que enfraqueceram o império e, dessa forma foram facilmente dominados por Roma. 

 Péricles define a democracia ateniense 
A constituição que nos rege nada tem de invejar à de outros povos; não imita nenhuma; ao contrário, serve-lhes de modelo. Seu nome é democracia, porque não funciona no interesse duma minoria, mas em benefício do maior número. Tem por princípio fundamental a igualdade. Na vida pública, a consideração não se ganha pelo nascimento ou pela fortuna, mas unicamente pelo mérito; e não são as distinções sociais, mas a competência e o talento que abrem o caminho das honrarias. Em Atenas, todos entendem de política e se preocupam com ela; e aquele que se mantém afastado dos negócios públicos é considerado inútil. Reunidos em Assembleia, os cidadãos sabem julgar corretamente quais são as melhores soluções, porque não acreditam que a palavra prejudique a ação e, pelo contrário, desejam que a luz surja da discussão.
 (De um discurso de Péricles, citado por Tucídides na obra História da guerra do Peloponeso, século V a.C. Extraído de: IDEL BECKER. Pequena História da civilização ocidental. 11ª Ed. São Paulo, Nacional, 1980. P. 127.)

 Atenas e Esparta
 Sempre houve grande rivalidade entre as cidades-estados da Grécia. A maior foi a que existiu entre Atenas e Esparta. As diferenças entre essas duas cidades eram muito grandes.
 Esparta era um Estado militar. Ali, todo cidadão do sexo masculino tinha de passar sua vida a serviço do exército, sendo todo o trabalho feito por escravos, chamados hilotas. O poder estava nas mãos da aristocracia formada pelos grandes donos de terras.
 Atenas, ao contrário, era uma democracia, em que todos os cidadãos podiam votar e assim participar do governo da cidade. Todos os homens livres eram cidadãos. Às vezes, o direito de cidadania era estendido aos estrangeiros. Em decorrência disso, em Atenas, a classe dos cidadãos era formada por pessoas de diferentes níveis sociais. 
O quadro a seguir dará uma ideia mais clara sobre as principais diferenças entre Atenas e Esparta.
 Atenas, engrandecida pelo importante papel que assumira na guerra contra os persas, organizou uma liga de cidades (Liga de Delos) para manter uma força naval permanente, a fim de garantir os gregos contra um novo ataque persa. A liderança ateniense não foi bem aceita. Na verdade, os atenienses manipulavam a liga em favor de seus próprios interesses econômicos. Uma disputa entre Atenas e Corinto, por questões de comércio marítimo, foi o pretexto que Esparta, entrando em defesa de Corinto, iniciasse uma guerra contra Atenas. As cidades dividiram-se, umas favoráveis a Atenas, outras a Esparta. Em 431 a.C. Atenas e Esparta e seus respectivos aliados empreenderam uma longa luta – a Guerra do Peloponeso. No final, Esparta saiu vitoriosa e tornou-se senhora das cidades gregas (404 a.C.).

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